Desde o dia em que escolhi fazer Pedagogia, decidi também em que me especializaria: Psicopedagogia. Mas esse desejo ficou quietinho durante todo o tempo da graduação, afinal estava mais preocupada em terminar o curso.
Ano passado vivi uma experiência sem igual, quando estagiei numa escola particular e tinha como principal função dar suporte a uma criança TDAH. E foi maravilhoso. Foi apaixonante! Foi sim... Aqueles olhinhos inquietos, aquela mente que não parava e aquele jeito todo especial de ser do meu menininho me encantaram e me fizeram ter mais certeza ainda do que gostaria de fazer quando terminasse a faculdade.
Hoje, quando uma vizinha me fez uma proposta e eu aceitei, recebi um certo olhar de reprovação de outra pessoa que estava no momento. Como estou terminando a faculdade e ainda sem previsão de emprego, a vizinha me pediu que por três dias na semana acompanhasse o seu filho no processo de alfabetização, já que ele é uma criança com questões ainda indeterminadas pelos médicos. A única coisa que se tem certeza é que ele tem problemas na fala, mas não sabem também ao certo qual a causa.
A escola sempre trabalhou com ele como uma criança de inclusão e a mãe me fez um feliz relato de que sempre encontrou na instituição todo o apoio necessário para seu filho. A escola e os demais profissionais que acompanham a criança fazem reuniões periodicamente e discutem quais avanços ele fez, como anda o seu desenvolvimento, os aspectos comportamentais, a relação com os colegas, quais adaptações devem ser feitas ou não, o que deu certo e o que não deu, enfim...
Preocupada com o desenvolvimento do garoto na alfabetização, ela me fez a proposta de acompanhamento e eu aceitei na hora. Não importa o tamanho da responsabilidade que terei, estou aqui para isso, não é verdade? Não tenho motivos para temer, gosto do que faço e terei muito prazer em fazer parte da vida do garotinho.
Os olhares de reprovação foram seguidos de questionamentos os quais eu preferi não responder. As pessoas ainda não entendem que não importa qual seja a condição da criança, ela tem capacidade de aprender e pode sim se desenvolver, mesmo que não da forma que as crianças ditas normais se desenvolvem.
Quantas crianças surgirem em minha vida, com quaisquer que sejam as dificuldades, estarei aqui pronta para recebê-las e atendê-las em suas especificidades, no tempo que cada uma delas demandar.
Para mim está claro que incluir não é um problema dos que possuem necessidades especiais, não são eles os nossos desafios e sim o meio, as pessoas, os olhares que incapacitam, ignoram e esquecem que, como diz a música, "Cada ser em si carrega o dom de ser capaz...".
Por Laís Cerqueira
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