Já faz um bom tempo que eu não posto nada por aqui. Falta de tempo devido a correria entre faculdade, estágio e a minha vida pessoal, claro. Não vou negar que uma parte foi falta de vontade, estava desanimada. Mas chegou a hora de voltar para os compromissos que firmei, não é? Não posso deixar Lorena tocar as coisas sozinha, afinal o Saber Coletivo foi uma idéia nossa através das experiências que tivemos no mundo blogueiro.
E por falar em Lorena, a palestra organizada por ela e Suzane não foi show? Eu estava lá na primeira fila cheia de orgulho da minha colega! Quem não foi pode ter certeza que perdeu muita informação sobre a nossa formação e profissão escolhidas. Prof.ª Patrícia Magris palestrou como ninguém, pena que o tempo foi curto. Mas quem sabe se em breve não acontece um novo evento envolvendo o tema? O primeiro passo já foi dado...
Vou deixar para minha cara colega o papel de trazer para este espaço as construções que foram feitas lá no Auditório Jurandir Oliveira. Aguardem as fotos e sintam-se a vontade para perguntar, discutir, opinar, enfim... Participem! Como vimos, existem muitos outros espaços de aprendizagem e os blogs podem e dever ser um deles.
Bom, mas deixa eu falar sobre o que trouxe para vocês hoje. Vocês viram como Prof.ª Patrícia gosta de falar, não foi? Pois eu gosto de escrever e se deixar eu não paro mais. Então, vamos lá!
Como requisito para aprovação na disciplina 'Referenciais Teóricos e Metodológicos das Ciências Sociais na Educação Infantil II', o Prof. Marcelo Faria solicitou a produção de um texto sobre o tema que mais nos interessou durante o semestre. Entre tudo o que foi trabalhado e construído, eu resolvi falar sobre a concepção de infância ao longo da história. É claro que esse não é um tema que pode ser todo trabalhado numa produção acadêmica como foi o caso, mas consegui fazer uma breve análise do assunto.
Bom, o primeiro ponto a ser analisado é o fato de que o sentimento de infância nem sempre existiu. Ariès (1978), ao analisar as obras de arte do período medieval apontou a inexistência da figura infantil nos quadros e retratos pintados. Naquela época a criança era vista como um mini-adulto e participava dos jogos, dos atos sexuais, das conversas entre os adultos e de hábitos de "gente grande" sem nenhuma distinção.
Como ocorre hoje, não havia um cuidado específico às crianças. Numa época onde os avanços na área de saúde não eram suficientes para controlar epidemias e doenças de toda sorte, seres tão pequenos eram alvos muito fragéis e muitos perdiam a vida ainda cedo. Dessa maneira, os pequeninos não tinham tanta importância até que completassem idade mais avançada e fora de tantos perigos.
Com isso não podemos dizer que os pais não amavam seus filhos, essa não é a questão que está sendo abordada aqui. Não podemos, em hipotése alguma, afirmar que as crianças eram abandonadas ou negligenciadas, apenas não existia o sentimento de infância que nos é comum nos dias atuais.
As crianças começaram a aparecer nas telas a partir do século XI, pintadas sempre como adultos em miniatura.
Por volta do século XVI, um novo sentimento de infância surgiu e a criança, por sua ingenuidade, gentileza e graça, se tornou uma fonte de distração. Os seres pequeninos passaram a ser reconhecidos pela graciosidade e despertavam brincadeiras e paparicos. Mas o marco histórico do começo da separação do mundo infantil do adulto veio mesmo com a escolarização, onde as crianças passaram a desempenhar funções diferentes daquelas que os adultos desempenhavam. Assim, a criança começou a ser vista como ser em formação, sendo preparado para atuar na sociedade, o que excluiu tais seres das responsabilidades maiores como o trabalho, tudo isso fruto do processo de industrialização.
Dessa maneira, de acordo com as observações feitas ao longo do texto - é claro que ainda falta muita coisa, esse é um histórico bem breve -, podemos afirmar que o sentimento de infância é algo que foi construído ao longo das transformações sociais e para cada época existe uma realidade diferente que vai depender dos costumes, da economia e da cultura de cada sociedade.
O intuito deste texto é apenas causar inquietações para uma discussão mais ampla do tema. Será que a concepção de infância que temos hoje é mesmo ideal? Qual a realidade enfrentada e vivenciada pelas nossas crianças hoje em dia? Uma questão para se pensar...
Até breve!
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* O presente texto foi elaborado com trechos de trabalho acadêmico de mesma autoria.
Referências:
ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.
SALLES, Leila Maria Ferreira. Infância e adolescência na sociedade contemporânea: alguns apontamentos. Estud. psicol. (Campinas), mar. 2005, vol. 22, nº. 1, p.33-41.
Fica a dica:
A obra de Ariès utilizada como referência para a elaboração do presente texto, é um clássico da história da infância. Essa é uma leitura muito importante e enriquecedora, vale muito a pena!
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