domingo, 30 de agosto de 2009

Inclusão Escolar e Aprendizagem

Nas ultimas décadas, educadores de todo o país lutaram para que a escola incluísse crianças e jovens com deficiências. Reconhecendo a importância fundamental da diversidade, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva avança através da Portaria Ministerial n° 555/2007, constituída por um grupo de trabalho formado por professores pesquisadores da área da educação especial, sob a coordenação da Secretaria de Educação Especial – SEESP/MEC, inserindo-se no contexto histórico, avaliando, produzindo e implementando caminhos a serem percorridos em sintonia com os princípios educacionais inclusivos.

Entretanto a inclusão de crianças e jovens com deficiência nas escolas durante muito tempo foi deixada de lado. Antigamente, os alunos com deficiência eram considerados indignos de uma educação escolar. A partir dos anos 50 é que se percebe a importância de incluir essas pessoas no âmbito escolar, através da criação das primeiras escolas especializadas e das classes especiais. E nos anos 70, com o surgimento da proposta de integração, é que se começa a pensar e admitir nas classes regulares – comuns- alunos com deficiência.

Porém admitir, pensar e reconhecer a importância de incluir crianças e jovens com deficiência nas escolas regulares, não é de fato incluir. É preciso lhes garantir, além de condições de acesso, aprendizagem. E algumas escolas ainda não estão preparadas para tais situações, por muitos motivos, seja pela falta de estrutura física – adaptações que assegurem a acessibilidade-, seja pela falta de preparo de seus docentes – na sua formação- e funcionários.

É importante que a escola, em especial o professor, reconheça o valor de seu papel no processo de inclusão escolar e consequentemente, no processo de aprendizagem das crianças e jovens com deficiências. E para que isso aconteça, é necessária uma formação docente que ofereça competência técnica e compromisso profissional.

Para que realmente haja aprendizagem a partir da inclusão escolar, é preciso que toda a equipe escolar – do porteiro a diretora- participe desse processo; que as redes de ensino reconheçam o seu papel no processo de inclusão onde o foco é a aprendizagem; um bom planejamento das aulas; estrutura adequada das escolas; criatividade e boa vontade dos professores; e principalmente uma parceria afinada entre a escola e as famílias dessas crianças.

Portanto, a proposta da inclusão é necessariamente participativa, por isso todos têm que estar envolvidos.

Quando o sistema educacional conseguir promover um ajuste relevante que responda de forma efetiva à diversidade da população escolar, é que a escola estará de fato assegurando o direito de todos a uma educação de qualidade. Neste sentido, o reconhecimento e a abordagem da diversidade constituem o ponto de partida para evitar que as diferenças se transformem em desigualdades e desvantagens entre estudantes.

Em suma, a educação inclusiva pressupõe que todas as crianças devem aprender juntas, independentemente de suas condições pessoais, culturais ou habilidades e potenciais diferenciados, abrangendo aqueles com algum tipo de deficiência.

domingo, 23 de agosto de 2009

Diário de Bordo: Experiências de uma professora de primeira viagem II

A Realidade das Nossas Escolas

Profissão professor, muito prazer! Antes tinha medo, agora sei que nasci pra fazer isso. Estou amando minhas manhãs no estágio, aquelas crianças, apesar de inquietas, são encantadoras, ainda mais quando se pensa na realidade da vida delas...

Não vou dizer que é fácil, não é nem um pouco, principalmente quando nossos alunos são crianças de uma realidade triste como a dos meus. Eu fico pensando no quanto nós estragamos o futuro dessas crianças, digo nós me referindo à sociedade como um todo, principalmente a parcela que não tem muito com o que se preocupar.

Estamos trancados no nosso mundo, esquecemos dos outros. Existem milhares e milhares de crianças numa situação triste e elas não estão muito longe de nós. Quando cheguei na minha sala observei o quanto eles são carentes e não apenas de bens materiais, mas de carinho. Percebo o quanto eles esperam a hora do intervalo para comerem aqueles oito biscoitos contados, sem suco, sem água, sem nada, seco. Eles estão sem fardamento, sem material, sem muita coisa. E eu fico indignada com isso.

Essa semana quando questionei a eles sobre o fardamento desse ano que ainda não chegou, um aluno virou pra mim e disse que o governo não tem obrigação de dar farda a ninguém não, já basta a escola que é de graça. Olha a ideologia que ele carrega... Ele aprendeu isso sozinho? Não mesmo! Eu então comecei a falar sobre os impostos que todos nós pagamos, inclusive eles e que o prefeito está ali apenas para gerir o município e cuidar daquilo que é nosso por direito, pois somos nós que suamos para pagar as contas do estado. Ele ficou surpreso, não sabia de nada daquilo.

Mas foi na última semana que aconteceu o episódio que mais me deixou perplexa, triste e preocupada e, infelizmente, não pude fazer muita coisa. No momento da aula o estagiário viu que os meninos estavam brincando e então ele chegou perto deles e viu do que se tratava a brincadeira: os meninos estavam brincando de tráfico de drogas. Sim, é assustador, eles são crianças de 10 e 11 anos, mas é verdade.

Não brigamos com eles, apenas recolhemos os cigarrinhos e as bolinhas de papel que representavam na brincadeira deles a maconha e o crack. Foi então que eu percebi que a brincadeira do recreio não é de polícia e ladrão e sim de brigas de traficantes que tentam um roubar a boca do outro.

E aí, o que fazer? A coordenora nos orientou a não fazer nada, apenas fingir que não viu do que a brincadeira se trata, pedir que eles participem da aula e brinquem depois e pronto. Muitos estagiários e professores tiveram que ser transferidos da escola por tentarem fazer alguma coisa. Por isso que a direção nunca realizou o desejo de levar para a escola peças teatrais ou profissionais que falassem das drogas para essas crianças... Infelizmente, eles imitam a vida que vêem passar em casa, na rua em que moram, com pais, irmãos, tios, ou seja, as pessoas que são as referencias da vida deles.

Os pais dessas crianças são os primeiros a ameaçarem àqueles que fizerem alguma coisa, afinal, eles estão envolvidos com isso, é dessa atividade que eles retiram o sustento de casa e através disso que as crianças têm, pouco ou muito, o que comer... E eu, tão pequena diante disso, resolvi agir de outra forma. Como?

Estou pensando em mil e uma idéias para evitar pelo menos que eles brinquem dessas coisas. Se não posso chegar e conversar com eles, levar para a sala textos que tratem disso, imagens que mostrem o que as drogas trazem para a vida de uma pessoa, porquê se fizer isso posso sofrer as consequências pagando até com a minha vida, eu irei levar para eles atividades que os ocupem de maneira positiva.

Estou procurando brincadeiras para fazer no intervalo e recolhendo materiais que possa utilizar com eles. Estou buscando novas maneiras de dar aulas, através de dinâmicas, brincadeiras, atividades lúdicas. E, o mais importante, estou dando todo o carinho e atenção que posso àquelas crianças, eles precisam tanto de amor, de um cafuné, de um abraço ou um sorriso... Eu queria poder mudar isso, sabe? Se dependesse da minha vontade a realidade já seria outra, mas sou apenas uma e, fazendo trabalho de formiguinha ou não, eu vou fazer a minha parte.

Espero que aquelas crianças contrariem todas as expectativas que a sociedade tem sobre eles e cresçam muito na vida. Eu sei que as pessoas olham e acham eles tão incapazes, dizem que eles vão ficar na favela, no mundo das drogas, matando e roubando, que não vão nem terminar a escola. Entretanto, eu vejo neles meninos inteligentíssimos, e são mesmo, pegam tudo muito fácil, precisam apenas de um impulso.

Profissão professor, a única que ainda pode mudar muito esse mundo. Eu me sinto responsável e continuarei fazendo tudo o que for possível por aqueles que passarem na minha vida.

Laís Assis

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Diário de Bordo: Experiências de uma professora de primeira viagem

Caros(a) colegas, a partir de hoje convido todos vocês a, junto comigo, viajarem por essas águas e desbravarem esse mar... Desde a última segunda-feira que estou estagiando numa classe de 5º ano/4ª série, estou assumindo o lugar de uma professora que saiu de licença. Confesso que fiquei meio preocupada e alguns questionamentos circularam pela minha mente, coisas do tipo:

Será que estou pronta pra assumir uma turma assim de cara? Será que quero mesmo ser professora? Como vou lidar com eles, como vou dar as aulas?

O fato é que quando chegamos numa sala de aula não temos muito tempo para pensar nessas coisas. Com crianças as coisas fluem naturalmente. Primeiro elas apenas observam, falam baixinho entre si, olham pra você de cantinho de olho e tentam descobrir seu jeito. Depois eles perguntam coisas que você nunca iria imaginar sobre a sua vida...

Segunda-feira cheguei na escola com o estômago revirando de ansiedade, aguardei o sinal bater e fui pra sala. Lá, o estagiário que está responsável pela regência da turma já me aguardava. Isso mesmo, estamos eu e um outro estagiário na turma; eu estou lá através da SMEC - Secretaria Municipal de Educação e Cultura - para assumir a vaga da professora oficial da turma enquanto ele está de licença e o outro estagiário está lá através do ICEIA, um colégio estadual que tem anos e anos de tradição em Magistério e forma professores até hoje.

O meu papel consiste em, nesse caso, orientar o estagiário do ICEIA nas atividades em classe, nas aulas e nos planos de aula. Mas a coisa não está fluindo bem assim. Como disse, na segunda-feira já o encontrei na sala, como eu estava chegando sem nenhuma bagagem como professora - minha experiência se baseava apenas nas teorias que estudo na faculdade e no período em que dei banca - fiquei apenas observando.

O estagiário deu as boas-vindas às crianças, falou sobre o que seria feito naquele dia e começou a me apresentar a turma. Por minha vez, eu disse meu nome e perguntei o nome deles, ainda meio tímida. Depois disso eu fiquei sentada olhando as crianças, observando o comportamento de cada uma delas. Foi um dia tranquilo e produtivo, deu pra ver bastante coisa.

Na terça-feira não tivemos aula devido ao feriado do Dia do Estudante, voltamos ontem. Ainda estamos seguindo o plano de aula da professora anterior, mas estou torcendo para que chegue logo o dia em que eu possa trabalhar do meu jeito. Eu fico meio presa à maneira de trabalho dela, até porque acabei de chegar. Entretanto, torço por aulas mais dinâmicas, com maior participação das crianças.

Já deu para notar que elas ficam entediadas em apenas escrever o que está no quadro e prestar atenção naquelas aulas pouco movimentadas. Nas poucas aulas que ministrei ontem e hoje comecei a inseri-los mais no momento fazendo perguntas sobre o que eles conheciam dos temas que estavámos trabalhando e foi ótimo o resultado. No decorrer das aulas pergunto sobre as experiências deles, o que eles pensam sobre, dou exemplos de coisas que estão presentes no dia-a-dia e na vida das crianças, fica mais fácil.

Hoje já fizemos um ditado de palavras e após o termino fomos corrigir a atividade em questão, o resultado foi muito bom. Corrigimos confrontando a maneira como cada um escreveu, discutindo de maneira dinâmica e divertida o porquê que o 'ç' só aparece no meio das palavras e só se usa com as vogais 'a,o,u' e o uso do 'm' apenas antes de 'p' e 'b'... E muitas outras regrinhas básicas do português. Ninguém ofendeu os coleguinhas por ter escrito de uma maneira diferente, cada um contribuiu com o que sabia.

Depois brincamos de forca no quadro e foi incrível a participação deles, se eu deixasse eles tinham se estapeado pra ver quem ia dizer a letra que se encaixava nos espacinhos. Vi que não é dificil criar situações de aprendizagem que envolvam a brincadeira... O que você precisa é ter controle da situação porque eles se empolgam e querem participar a todo custo. É importante criar uma ordem de respostas pra que cada um respeite o momento do outro na participação.

O que posso afirmar com toda certeza é que todos os medos que temos antes de chegar numa sala de aula caem por terra quando você chega em uma. Claro que tem toda a responsabilidade de contribuir para o crescimento daquelas crianças, afinal, estamos ali para mediar a construção do conhecimento deles e temos papel fundamental nisso. Entretanto, é muito fácil lidar com eles, basta conquistá-los e mostrar que você não é nenhuma bruxa grossa e impaciente; o sorriso, o carinho e a boa vontade estampados no rosto e nas atitudes são a porta aberta para um bom trabalho junto às crianças, todos ganham!



Por Laís Assis

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Tecnologia e Educação

A utilização das novas tecnologias nas escolas envolve uma gama de fatores, que reconstituem fatos marcantes e recriam trajetórias de diferentes personagens, sejam eles educadores, educandos, comunidade; políticas de educação, lideres políticos e outros segmentos sociais envolvidos nesse processo.
É a “tecnologia na educação”, e não há nada de errado, claro, em examinar as versões dessas tecnologias, não só produzidas dentro da escola, como também fora dela. O foco, no entanto, se concentra na valorização, utilização e incorporação dessas tecnologias, não só como instrumento de modernização à educação e à comunidade, mas também como um recurso abundante de benefícios e facilidade que possibilitam a democratização dessas. Desafios concentrados nestas particularidades irão permear a vida de uma vasta gama de educadores resistentes ao novo.
No contexto educacional é necessária uma análise estrutural, sobretudo ao que se refere; aplicação no planejamento de recursos tecnológicos, interligados para uma recepção e produção diversificada, seletiva, critica e transformadores de ações nesse contexto.
As interações entre professores, alunos e demais pessoas que circulam pelo cenário educacional levam docentes e discentes a descobrirem o sentido das coisas consideradas pontualmente importantes no presente e suas variações em outras épocas, atuando com as mais diferenciadas formas de ensino, inclusive com a utilização da diversificada tecnologia oferecida na atualidade e nessa sociedade das informações, em que a rapidez das inovações e das mudanças de tudo que acontece, faz com que desperte nos docentes a preocupação de formar cidadãos conscientes de suas responsabilidades, orientado-os para ações sociais de qualidade, não apenas no perímetro do seu ambiente vivencial local, mas sem fronteiras, em todo mundo. Basta apertar uma tecla aqui, clicar num link ali, e pronto! Tudo conforme manda “doutor” mouse? É possível fazer tudo isso? Sim, mas se soubermos utilizar essas tecnologias intelectuais que estão ao nosso redor, ao nosso alcance, caso contrario iremos nos deparar com uma gama de recursos tecnológicos, sem a devida inclusão no que tange a camada popular, correndo o risco de nas escolas públicas virarem sucatas ou terem o mínimo do mínimo das suas funções de uso, em decorrência das dificuldades encontradas para se ter acesso às mesmas. Dificuldades essas principalmente a financeira que é uma mal que assola a maioria da sociedade popular brasileira. Tem computador, mas o acesso a Internet, vezes mais em lan houses, ou usando-as de maneira inadequada.
Não admira que, marcada por ritmo e cobrança tão enloquecente, essas tecnologias cheguem completamente às emoções do homem, alucinando-os das principais informações que tragam à nossa memória antiga forma humana.